Demorou, mas a primeira pesquisa eleitoral para Rio Grande saiu do armário! A proximidade dos percentuais de votos de Alexandre Lindenmeyer e Fábio Branco indica que o vencedor do pleito será decidido na última semana de campanha. Uma bomba de tensão para aqueles que imaginavam uma fácil reeleição da White Dynasty!
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Pesquisa divulgada pelo SUL 21 no dia 28 de Setembro |
Nos últimos dias o tom do horário eleitoral situacionista já denunciava o acirramento. Bruscamente havia deixado a “zona de conforto” (para utilizar a expressão da moda futebolística) para o ataque à campanha vermelha, abandonando de vez a postura de bom moço-positivo. Por outro lado, caso o candidato petista retorne para a casa com mais uma derrota no currículo, palmas devem ser dadas à oposição local, incapaz de aglutinar forças para dar um fim a esse largo período de reinado alicerçado em um espectro ainda lembrado e invocado por muitos rio-grandinos. Será que, finalmente, a frase do mestre Neil Young, "The king is gone but he's not forgotten", deixará de fazer sentido no ventoso feudo?
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Xeque-mate? |
Confesso que me preocupam as linhas adotadas nas atuais eleições municipais. O uso da religião para fins eleitorais já ultrapassou o limite do razoável. Há uma simbiose, uma protocooperação que inquieta o mais desavisado telespectador do horário eleitoral. Enquanto na maior cidade brasileira o candidato representante de uma igreja desponta de maneira incrível (a oposição parece ter errado o alvo), aqui em Rio Grande assiste-se uma nova forma de exposição da fé e da política. Em tempos passados ouviam-se boatos que religiosos estariam utilizando cultos a fim de angariarem votos para seus candidatos, hoje, no entanto, não há nem mesmo esse disfarçado distanciamento. O candidato-pastor grava o próprio programa solicitando “voto de fé” para si mesmo! Se naquela época a Regina Duarte tinha medo, o que diria agora... É de assustar!
"Eu juro defender o povo com base em Cristo e para Cristo!" |
Chegando à Pelotas, nesse sábado dia 29, deparei-me com uma cena inédita nos meus longos anos eleitorais: uma “charreata” ou “carroceata” (o Prof. Pasquale que se dane!). E bota “carroceata” nisso! Ela era incrivelmente extensa! Senti-me esperando passar vários vagões da América Latina Logística. Creio que todas as carroças de Pelotas e região foram deslocadas para tal atividade. Parabéns aos organizadores! No entanto, o que mais impressionou foi a dicotomia entre aqueles que manejavam seus veículos, humildes trabalhadores pelotenses abandonados pelos poder público (todos eles com um ânimo semelhante a quem vai para a fila do banco no segundo dia do mês) e o candidato a prefeito propagandeado em suas bandeiras. Lá estava seu número, nome e sobrenome conhecido pelos quatro cantos do RS: 25, Matteo Chiarelli, herdeiro de um antigo representante das oligarquias locais e detentor de vários cargos políticos em plena ditadura. Juro que até procurei o candidato em alguma das carroças, mas não o encontrei...
Perguntinha: Dessa vez haverá tiros em Santa Fé?
* Palavras escritas ao som de Pearl (1971), de Janis Joplin.