domingo, 30 de setembro de 2012

Cena(s) eleitorais


Demorou, mas a primeira pesquisa eleitoral para Rio Grande saiu do armário! A proximidade dos percentuais de votos de Alexandre Lindenmeyer e Fábio Branco indica que o vencedor do pleito será decidido na última semana de campanha. Uma bomba de tensão para aqueles que imaginavam uma fácil reeleição da White Dynasty!


Pesquisa divulgada pelo SUL 21 no dia 28 de Setembro


Nos últimos dias o tom do horário eleitoral situacionista já denunciava o acirramento. Bruscamente havia deixado a “zona de conforto” (para utilizar a expressão da moda futebolística) para o ataque à campanha vermelha, abandonando de vez a postura de bom moço-positivo. Por outro lado, caso o candidato petista retorne para a casa com mais uma derrota no currículo, palmas devem ser dadas à oposição local, incapaz de aglutinar forças para dar um fim a esse largo período de reinado alicerçado em um espectro ainda lembrado e invocado por muitos rio-grandinos. Será que, finalmente, a frase do mestre Neil Young, "The king is gone but he's not forgotten", deixará de fazer sentido no ventoso feudo?


Xeque-mate?


Confesso que me preocupam as linhas adotadas nas atuais eleições municipais. O uso da religião para fins eleitorais já ultrapassou o limite do razoável. Há uma simbiose, uma protocooperação que inquieta o mais desavisado telespectador do horário eleitoral. Enquanto na maior cidade brasileira o candidato representante de uma igreja desponta de maneira incrível (a oposição parece ter errado o alvo), aqui em Rio Grande assiste-se uma nova forma de exposição da fé e da política. Em tempos passados ouviam-se boatos que religiosos estariam utilizando cultos a fim de angariarem votos para seus candidatos, hoje, no entanto, não há nem mesmo esse disfarçado distanciamento. O candidato-pastor grava o próprio programa solicitando “voto de fé” para si mesmo! Se naquela época a Regina Duarte tinha medo, o que diria agora... É de assustar!


"Eu juro defender o povo com base em Cristo e para Cristo!"



Chegando à Pelotas, nesse sábado dia 29, deparei-me com uma cena inédita nos meus longos anos eleitorais: uma “charreata” ou “carroceata” (o Prof. Pasquale que se dane!). E bota “carroceata” nisso! Ela era incrivelmente extensa! Senti-me esperando passar vários vagões da América Latina Logística. Creio que todas as carroças de Pelotas e região foram deslocadas para tal atividade. Parabéns aos organizadores! No entanto, o que mais impressionou foi a dicotomia entre aqueles que manejavam seus veículos, humildes trabalhadores pelotenses abandonados pelos poder público (todos eles com um ânimo semelhante a quem vai para a fila do banco no segundo dia do mês) e o candidato a prefeito propagandeado em suas bandeiras. Lá estava seu número, nome e sobrenome conhecido pelos quatro cantos do RS: 25, Matteo Chiarelli, herdeiro de um antigo representante das oligarquias locais e detentor de vários cargos políticos em plena ditadura. Juro que até procurei o candidato em alguma das carroças, mas não o encontrei...

Perguntinha:  Dessa vez haverá tiros em Santa Fé?

* Palavras escritas ao som de Pearl (1971), de Janis Joplin.

Um comentário:

  1. Querido Juca! Parabéns pelo blog, senti-me instado a trazer uma reflexão que era feita pelo pai do candidato citado, enquanto Ministro da Educação dos governos militares, frase esta que, tempos depois foi parafraseada para o futebol: "O professor finge que ensina e o aluno finge que aprende." Positive vibrations e long live rock´n roll.
    Mário Ribeiro (corneteiro, metaleiro, professor e botoneiro).

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