sábado, 28 de julho de 2012

XI Encontro Estadual de História e o Mundo Acadêmico



Finalizado mais um Encontro Estadual da ANPUH-RS é hora de refletirmos sobre alguns pontos que demarcaram o evento. Em primeiro lugar, a greve deflagrada pelos professores e técnicos dificultou, mas não chegou a comprometer a organização das atividades. Cabe, nesse caso, valorizarmos a responsabilidade e a compreensão do Comando do Movimento Grevista que, entendendo a importância do evento e de suas próprias atribuições, colaborou em algumas questões com a comissão local. Em segundo lugar, devemos destacar a boa infraestrutura que a FURG está disponibilizando para a comunidade acadêmica. O complexo denominado CIDEC, inaugurado poucos anos atrás pelo Presidente Lula, não deixa a desejar se comparado a grandes universidades privadas, oferecendo um ambiente “limpo”, amplo e bem organizado em suas várias salas ou auditórios. Fica a torcida para que a manutenção desse espaço seja uma política permanente das futuras administrações. Antes de passarmos para algumas considerações mais pontuais sobre o evento, não esqueçamos de ressaltar a qualificada participação de alguns estudantes que, mesmo morando a “estados” de distâncias, deslocaram-se para a longínqua e fria Cidade do Rio Grande, demonstrando uma vontade acadêmica e científica digna de ser aplaudida.



Rápidas reflexões e (in)conclusões sobre o evento e o Mundo Acadêmico
- Ficando responsável pela avaliação dos banners apresentados pelos acadêmicos, estranhei a falta de padrão na hora da construção dos mesmos. Enquanto alguns mostravam um pequeno texto, outros apresentavam um projeto de pesquisa inteiro!!! Havia momentos que parecia estarmos diante de uma monografia impressa em uma folha (claro, com letra 14 ou 16). Boas pesquisas pecavam nesse quesito.
- Foi uma pena o número de resumos que acabaram não sendo apresentados nos Simpósios Temáticos. Muitos deles apresentavam propostas interessantíssimas, com temas pouco estudados e debatidos na academia.
- Sobre isso, também retorno com o quesito padrão. Havia salas com coordenadores sedentos por cortar a comunicação aos 15 minutos (mesmo com a ausência de 3 ou 4 professores no referente simpósio). Já outras onde o tempo tornava-se quase livre, facilitando o desenvolvimento do orador. Um padrão é necessário!
- No tempo em que estive livre aproveitei para assistir algumas poucas (poucas mesmo!) mesas redondas. Destaco três falas que valeram em muito a audição: Maria Paula Nascimento Araujo (UFRJ) e Enrique Serra Padrós (UFRGS), na mesa Ditadura Civil-Militar: Memória, Verdade e Justiça, e Solange Ferraz de Lima (USP), na mesa Memória e Imagem. Trabalhos belíssimos e fundamentais para a área da História.
- ANPUH é sinal de simpósios, trabalhos, mesas e, obviamente, prazerosas conversas “de corredor” e reencontro com velhos colegas, professores e amigos. Marcante a presença da sempre querida professora Heloisa Capovilla e da minha amiga, ex-colega de Mestrado e Doutorado, Juliane Serres. Espero que o reencontro não seja só daqui a dois anos!
- Comovente o trabalho incansável de alguns monitores! Depois dessa semana ficou mais do que estampado que um evento desse porte só sai por conta da presença desses “maratonistas de corredores”. Um trabalho difícil, dedicado, DESINTERESSADO e HUMILDE, qualidades raras e que deveriam ser seguidas por um outro setor...
- Falando nisso, gostaria de agradecer a todos meus alunos monitores que embarcaram nessa louca aventura de organizar uma exposição. Embora tendo ciência da falta de apoio que teríamos para essa empreitada, na hora H seguraram junto e conseguiram fazer com que a atividade arrancasse alguns sinceros elogios dos visitantes.
- Aproveitando o embalo, gostaria de agradecer à Diretoria da ANPUH que, sensível ao apelo dos meus monitores, “oficializou” o trabalho dessa equipe, incluindo-a nos benefícios concedidos aos “maratonistas de corredor”.
- Agradeço a Fernando Marrera pelo breve, mas importante auxílio (e intenção de...), Olivia Nery, Miguel Isoldi e ao Instituto Mário Alves, de Pelotas.

- Agradeço aos colegas Adriana Senna e Daniel Prado por prestigiarem a exposição. A visita de ambos foi muito importante para nós...
- Faltou falar sobre o “mundo acadêmico”... A semana do XI Encontro Estadual de História me deixou uma percepção mais clara sobre esse ambiente (embora não sabendo se a definitiva) Como a sociedade de uma forma geral, o “mundo acadêmico” impressiona e também traz algumas decepções. A sinceridade é artigo de luxo. O coleguismo é mercadoria em falta ou com o prazo vencido. Para alguns a imagem não pode ser desgastada ou compartilhada com todos os grupos que compõem esse meio. Existem diferenciações claras, impostas, dissimulações e pequenos gestos que vão do forçado ao impensado. Em poucos segundos o jogo é capaz de virar, mostrar-se em sua faceta mais real. E que lição pode trazer isso tudo? Definitivamente não sei! Talvez ensine que, por vezes, a velha política isolacionista britânica também pode servir para a academia...




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