terça-feira, 3 de julho de 2012

O problema é a Copa de 2014?

O calendário marca que faltam menos de 710 dias para o início da Copa do Mundo no Brasil. Menos de 710 dias para presenciarmos estádios lotados cantando o chato refrão “Eu sou brasileeeeeiro...”, as vinhetinhas pegajosas da nossa querida Rede Globo, Galvão Bueno com seus belos comentários (sim, ele também acumula a função de comentarista principal ao lado de meros assessores) e entusiasmados “haaaja coração, ammmigo!”, “final dramáááááático” e tudo mais que todos bem conhecemos. Apesar dessa tragédia inevitavelmente anunciada, faço votos para que ela chegue logo e acabe com as campanhas de oposição à Copa multiplicadas –como cinco Gremlins banhados no Rio Amazonas – nas redes sociais, em especial, no facebook.



Não que eu seja um defensor da realização da Copa no Brasil, mas confesso estar completamente “irritável” lendo críticas tão simplórias, carregadas de senso comum, com belos desenhos, charges ou montagens fotográficas sobre o tema. Invariavelmente elas trazem frases que apelam ao sentimento de solidariedade como: “Não precisamos de Copa, mas de educação!”, “Não quero Copa!”, “Queremos hospitais, não estádios!”, “O governo gasta dinheiro na Copa enquanto temos pessoas passando fome”, e por aí vai. É uma chatice inútil e sem tamanho! Quem não quer educação no país? Quem não quer segurança e hospitais dignos para toda a população? Isso deve ser a base de qualquer país!
No entanto, estamos perdendo um adequado momento para refletirmos sobre questões fundamentais da nossa sociedade. Defeitos que nos acompanham desde o primeiro contato que as velhas botas, que envolviam os pés dos antigos colonizadores portugueses, tiveram com as nossas areias nordestinas. A reflexão que devemos fazer é: “PORQUE NÃO TEMOS CAPACIDADE PARA FAZER UMA COPA SEM CORRUPÇÃO OU GASTO INDEVIDO?”


A organização de uma Copa não é ônus para país algum, pelo contrário, é disputada por todos aqueles que entendem ter condições para tal. É mais do que sabido que um evento desse porte inevitavelmente traz benefícios para a nação sede, seja com a melhora no sistema de transporte, turismo, emprego, saúde (por exemplo, em POA serão criados centenas de novos leitos em 2014), comércio, etc. Seu poder de alcance social é bem mais vasto do que o propagado pelas redes sociais. Óbvio que alguns setores lucrarão mais com a exploração do trabalho alheio (Muito prazer, sou o capitalismo...), porém, ela tem a capacidade de trazer benefícios materiais significativos a amplos setores da sociedade.
Hora de refletirmos sobre como Londres conseguiu terminar todas as obras para a sua Olimpíada com orçamento ABAIXO do estimado, enquanto o Brasil não para de AUMENTAR a estimativa de preço de seus estádios. Hora de perguntarmos a razão de investir em um estádio privado como o do Corinthians (Parabéns! Você também é um “louco do bando”, pois teu rico dinheirinho está naquele concreto), ao invés de usarmos a verba pública como manda a boa gestão pública.
Nesse caso específico, se não atacamos os reais problemas governamentais enraizados no nosso Estado, como a corrupção e o mau uso do dinheiro público, ficaremos como um cachorro correndo eternamente atrás de seu rabo. Se a verba destinada à Copa fosse investida nas outras áreas sociais, como a saúde, educação, segurança, entre outras, tenha certeza que ela fatalmente seria ainda “melhor” superfaturada, “farreada”, desviada, fazendo a alegria de alguns poucos políticos já conhecidos pelo Brasil afora. Para dizer a verdade, a corrupção correria ainda mais fácil, tendo em vista a baixa (para não dizer nula) fiscalização do poder público.
Perde tempo quem dispara contra a Copa e esquece o real inimigo a ser batido. A Copa de 2014 é tão vítima quanto é continuamente a nossa saúde, a nossa educação, a nossa segurança, o nosso emprego.
O nosso inimigo é arcaico, sem cor, sem partido definido, sem justiça, sem dó, sem caráter e, por isso, mais perigoso. Está tatuado no corpo Estado.

Hora de sentarmos no divã e perguntarmos:
Afinal, o que faz do Brasil um país incapaz de organizar uma Copa com um pingo de honestidade?
Depois de encontrada a resposta, é fundamental não “esquecermos” de pagar a conta do analista...

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Li teu post na madrugada e fiquei nos “cascos”, verdadeiras todas tuas premissas, mas, onde achar as respostas?
    Eu vejo muito claramente essa resposta de que, porque, o Brasil não pode fazer não somente a copa, mas, qualquer outro evento com honestidade; porque nós, que nos intitulamos um “povo decente”, permitimos, por escolhas partidárias, e, eu me incluo nisso, em permitir que candidatos corruptos voltem ao poder, e, não estou falando em sigla partidária, pois eles estão em todos os segmentos, quando tomamos essas atitudes estamos nos comportando igual a ELES, não temos a coragem de execrar o candidato que defendemos quando ele rompe com seu compromisso.
    Somos sabedores que essa forma aviltante de governo que vivemos se dá pela chaga maldita da corrupção e da IMPUNIDADE, mas que medidas tomamos ou cobramos para que ela deixe de existir?
    Quando eu era guria se dizia que não se pode mudar uma cultura de 500 anos em 4, e que só melhoraria nos próximos anos com a conscientização da nova geração, de lá para cá já se passaram 4 ou 5 décadas, a nova geração já esta velha e os problemas continuam os mesmos ou, talvez, muito mais agravados porque não formamos uma geração com cultura política no decorrer dessas décadas. Isso tudo se deve pelo crescimento que “levar vantagem em tudo”, utilizando do famoso “jeitinho brasileiro” e mostrando-se “esperto” aos olhos dos demais virou lei, estabelecido culturalmente.
    Atitudes de desarticulação desse modo de pensar e agir vai exigir uma lavagem cerebral do povo brasileiro para que atinja nossos filhos e netos (já ouvi isso há pelo menos há 30 anos). Para que isso, efetivamente aconteça teremos que adotar um movimento nacional forte de atitudes que não sejam só “compartilhar” nas redes sociais com a bunda sentada na frente do computador, exigirmos alterações nos conteúdos veiculados através da televisão ou qualquer outro veículo de comunicação de massa que e, ao invés de vermos nas novelas e filmes os exemplos das pessoas enganando, roubando e lesando cofres públicos se darem bem fugindo do país, pagando por seus crimes. Agilizar a justiça brasileira que é muito lenta e, tornar o roubo dos cofres públicos em crime de assassinato para que os autores sejam julgados e condenados como cidadãos comuns.

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