sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A incrível arte de morrer pela boca


Mais uma vez a Cidade do Rio Grande parou em frente à tv para assistir a um debate eleitoral. Dessa vez o ingrediente principal talvez tenha sido a última pesquisa que apontou um emparelhamento muito significativo entre os dois principais candidatos à Prefeitura. O medo de perder o reinado e, por outro lado, a esperança de uma almejada renovação construiu um ambiente tenso, polarizado, com coadjuvantes com pouco apelo que pudesse acrescentar algo à disputa.
O debate começou morno, quase parando, com destaque para uma leve estocada do candidato Júlio Martins frente Fábio Branco. Uma pequena crítica que pouco acrescentou aos blocos seguintes. Falando em Júlio, o candidato do PCdoB buscou ao longo do programa apresentar uma imagem desligada da oposição. Uma representação contraditória à sua própria atuação sempre combativa na Câmara dos Vereadores (o capacho que o diga...). Um “novo Júlio Martins” nos foi apresentado. Uma versão do “Julinho Paz e Amor”! Sinceramente, prefiro o antigo...
 
A pizza tinha camomila?

Já o candidato do PTdoB...tão somente um mero subterfúgio na nossa frágil cultura democrática. Mais uma amostra do que o apego ao poder dinástico é capaz. Não vale gastar a tecla do meu pc.
Admito que me surpreendeu negativamente o candidato do Psol, Públio Ferrari. Ficou escancarada a falta de preparo frente às questões expostas pela mediadora e seus concorrentes. Seu desempenho pode ser sintetizado por sua (não)resposta à pergunta sobre “política para as mulheres”, feita por Alexandre. Apenas pensou em voz alta, como se tentasse entender o significado de “política para as mulheres”. Nesse momento, para Públio o tempo tornou-se sem fim! Uma tortura psicológica que o fez sentir-se um avestruz! O pior de tudo: não foi só o candidato do Psol que ficou constrangido com a situação, nós, do outro lado, sentimos na pele o que é vergonha alheia! Que tempinho demorado! Outro fato interessante do candidato foi a sua postura política. Seu partido é caracterizado por sua ideologia socialista, bem à esquerda do próprio PT. Suas lideranças pautam por discursos firmes, contundentes, baseados no anticapitalismo, antiimperialismo, contra a exploração das classes desfavorecidas, à maneira antiga dos primórdios do partido do ABC paulista. No entanto, Públio conseguiu não se posicionar no debate. Poderíamos facilmente colocá-lo sob a legenda do DEM, PSDB, PTB, PMDB, seja lá qual outro partido, que pouca contradição perceberíamos entre legenda e discurso tão grande foi sua falta de posicionamento político e ideológico. Sequer apresentou-se com postura oposicionista!
 
Avisaram ao  Públio?

Os principais candidatos foram bastante previsíveis! Alexandre Lindenmeyer continuou com sua postura pouco dinâmica em matéria de gestos, voz, expressão (certamente ele seria um prato cheio para os “personais trainers” de políticos, experientes em transformar apáticos candidatos em “showmans”). Claro que isso pouco importa para administrar uma prefeitura, mas em uma cidade como a nossa, onde a cultura política independente é quase nula (ou seria negativa?), a falta dessa dinâmica reverte muito voto ao adversário. Apesar disso, não há como equiparar a atuação de Alexandre com a de Fábio Branco. Podem ser promovidos 100, 200 debates que, possivelmente, teremos a superioridade do petista nos quesitos discursos, ideias, projetos, etc. A pergunta que surge é: mas isso realmente conta para o eleitor de Big River?
O debate se encaminhava para um final “xôxo”, um “empatizinho técnico”, sem sal ou emoção, apresentando uma vantagem quase imperceptível para Alexandre Lindenmeyer. Eis que surge a “grande” sacada de Fábio Branco: aproveitar as considerações finais e responder, ao petista, uma indagação feita no início do debate! Não haveria chance de réplica! “Perfeito!”, deve ter pensado o White naquele momento!
O desenrolar do seu derradeiro plano todos nós já conhecemos! Jogou-se como um kamikaze, só que ao invés de acertar o barco chocou-se da água.
O resultado final do seu genial plano veremos no domingo...
 

* Palavras escritas ao som deThe Wall(1979), de Pink Floyd.

2 comentários:

  1. Aqui do outro lado do São Gonçalo os debates também não foram emocionantes. Nada para ficar gravado na nossa "história dos pleitos". Surgiu, pelo menos, o Jurandir que, ao contrário, do colega riograndino, bem honrou a camiseta do Psol. Chiarelli foi arrogante com Catarina que, ao que percebo, vai contar com os votos da Guabiroba. Só. Espero que o Marroni vença o gurizinho do Fetter.

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  2. A maioria das pessoas que assistem debates, principalmente no caso de eleições municipais, estã mais interessados em ver baixarias e acusações do que propriamente observar se os candidatos apresentam ideias propositivas e factíveis. Aqui vive-se da dicotomia entre FB e o PT, dos que são contra e a favor, muito embora os principais concorrentes pertençam à coligação que governa o país e que se uniu na cidade do Aldyrzinho. Aqui continuam as velhas picuinhas, com coadjuvantes absolutamente risíveis e com o Júlio Martins fora de esquadro como bem analisado pelo titular do blog.

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